terça-feira, 7 de abril de 2009

Bueiro

Dr. R., tendo em mãos um relatório póstumo de um paciente, além dos fatais problemas, que ia de escoriações profundas, fraturas, esmagamentos de ossos e outras estruturas vitais, notou um rabisco discreto, no final do papel: "Morreu... Mas morreu devagar. E denovo. Infelizmente, precisou falecer pra rever seus dogmas e paradigmas. Após mensuráveis 45 minutos de tentativas falhas de reanimação, entrou num certo estado de coma. Dois dias depois, milagrosamente, acorda em transe, obscuro, frio e calmo. Não que já não fosse assim, mais depois de acordado tinha potencializado esses sentimentos. Dizem que melhorou. Passou alguns dias bem, feliz. Voltou a contar piadas, voltou a fazer felicidade. Mas, a imagem da tragédia não saia da sua cabeça e tentou a todo custo esquecer. E esqueceu. Porém, novamente, a mercê do destino (irônico como sempre), caiu no bueiro. E dessa vez não aguentou. Morreu finalmente. Cair de um bueiro não deve ser nada agradável. Vá em paz, D."

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